terça-feira, 27 de maio de 2008

Debate Quinzenal
“Economia”
Intervenção do Primeiro-Ministro

José Sócrates
21 Maio 2008



Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados

1. Manter o rumo com confiança, recusar a irresponsabilidade

Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados

Quero que saibam que a atitude do Governo perante esta situação económica internacional adversa é, antes de mais, uma atitude de determinação e de confiança.

Determinação, desde logo, para prosseguir o rumo de que o País precisa: um rumo de reformas e de modernização, que permita continuar a enfrentar, com seriedade, aqueles que são os bloqueios estruturais ao nosso desenvolvimento. Esse caminho é o nosso compromisso com os portugueses – e é esse caminho que vamos prosseguir.

Os tempos de dificuldades, bem o sabemos, convocam frequentemente a imaginação fértil dos populistas e dos arautos da demagogia. Porventura, é mesmo esse, neste momento, o perigo maior. É por isso que quero deixar absolutamente claro que uma coisa não faremos: não vamos pelo caminho da facilidade nem vamos permitir que se ponha em causa tudo aquilo que os portugueses, com o seu esforço, já conseguiram!

Em três anos superámos uma grave crise orçamental, tirámos a segurança social de uma situação de alto risco, reformámos e simplificámos a administração pública, qualificámos os serviços públicos, lançámos o Plano Tecnológico, investimos nas qualificações e na Ciência, apostámos nas energias renováveis, reforçámos as políticas sociais. Portugal percorreu, com passos seguros, o caminho do rigor, da mudança e da modernização, e avançou para uma maior igualdade de oportunidades.

Não senhores Deputados: o Governo está bem consciente das suas responsabilidades. Quero por isso garantir que nenhuma cedência à demagogia ou ao facilitismo fará abandonar o caminho das reformas ou trará de volta o caos nas contas públicas. Isso seria esbanjar o esforço dos portugueses e um regresso ao passado que colocaria mais dificuldades aos desafios que hoje enfrentamos. Não permitiremos que isso aconteça!

2. Novas medidas de política económica e social

Desde o início que o desafio, muito exigente, que o Governo assumiu foi o de enfrentar, simultaneamente, os três problemas maiores da economia portuguesa: o problema do défice, concerteza, que assumia em 2005 proporções absolutamente incomportáveis – mas também o problema do crescimento económico e o problema da criação de emprego.

E apesar do pessimismo crónico de muitos, que se fez ouvir todos os dias dos últimos três anos, a verdade é que trouxemos o défice para os 2,6% – o nível mais baixo dos últimos 30 anos – ao mesmo tempo que recolocámos a economia a crescer, evitando o cenário de uma segunda recessão. Um crescimento ainda inferior ao que todos desejamos, certamente, mas um crescimento que vai prosseguir este ano e no próximo, e que foi conseguido pelos portugueses com enorme mérito, porque aconteceu num período em que o Pais teve de realizar o inevitável processo de consolidação orçamental que outros podiam e deviam ter feito, mas não souberam ou não tiveram a coragem de fazer!

Mérito, também, porque, mesmo nestas condições difíceis, a economia foi capaz de enfrentar o problema da criação de emprego. Segundo os dados do INE também divulgados na semana passada, nos últimos três anos a economia portuguesa criou, em termos líquidos, 97 mil novos empregos e no último ano foi mesmo capaz de reduzir em cerca de 43 mil o número total de desempregados, o que permitiu baixar a taxa de desemprego para os 7,6% – uma redução de 8 décimas em termos homólogos, o que já não acontecia desde 2000.

A verdade, portanto, é que o Governo enfrentou o problema do défice com resultados e sem nunca virar as costas à economia, sem desistir de lutar e de puxar pela confiança, pelo crescimento económico e pela criação de emprego – tal como nunca esqueceu os que mais precisam, para os quais foi lançada toda uma nova geração de políticas sociais.

Temos por isso de prosseguir. Prosseguir o caminho da inovação, da modernização tecnológica e da melhoria das qualificações. Mas prosseguir também na aposta nas nossas exportações, na promoção do investimento, na melhoria das nossas infra-estruturas e na simplificação dos procedimentos administrativos para a criação de um ambiente cada vez mais favorável aos negócios e ao desenvolvimento económico.

As muitas iniciativas que têm vindo a ser lançadas nestes domínios convergem para a criação de condições para que a economia portuguesa possa crescer mais e melhor – e por isso são também instrumentos de resposta à conjuntura internacional desfavorável que hoje atravessamos.

A própria redução do IVA em 1%, que o Governo anunciou e que vai entrar em vigor já no próximo dia 1 de Julho, reduz os encargos fiscais da nossa economia e constituirá seguramente um importante incentivo ao dinamismo económico.

Mas o Governo está consciente das dificuldades do momento presente e compreende bem os problemas que as empresas e que as famílias enfrentam. Quero por isso anunciar aqui seis novas medidas, quatro dirigidas à economia e duas de carácter eminentemente social.

Em primeiro lugar, o Governo decidiu criar um mecanismo inédito de adiantamento dos fundos comunitários concedidos às empresas como incentivos ao investimento. No âmbito do QREN, o Governo decidiu passar a conceder adiantamentos, que podem chegar aos 35% dos incentivos aprovados, permitindo um acesso muito mais rápido aos fundos comunitários e desonerando as empresas de uma parte substancial dos encargos financeiros com a concretização dos seus investimentos. Esta é uma medida a favor do investimento e a favor das empresas.

Em segundo lugar, vamos criar um novo sistema de linhas de crédito para as pequenas e médias empresas colocando à disposição das empresas 600 milhões de Euros já neste ano de 2008. Trata-se de um sistema de crédito a 4 anos, com carência no primeiro ano e meio e com um juro 25% abaixo do valor da Euribor, e que contará com uma garantia pública de 50% do financiamento, a suportar pelo Programa Operacional Factores de Competitividade. O objectivo é apoiar o investimento e o reforço do fundo de maneio das empresas.

Em terceiro lugar, vamos estender ao sector da construção, onde vigora o regime de autoliquidação, o regime mais expedito de reembolso do IVA reduzindo de 90 para apenas 30 dias os procedimentos de reembolso do IVA. Isto aumentará a liquidez das empresas de construção civil e a sua capacidade de investimento.

Em quarto lugar, com a execução do plano do Governo para acelerar os pagamentos do Estado, que já permitiu reduzir os prazos médios de pagamento de 96 para 85 dias, vamos garantir o pagamento a curto prazo de 600 milhões de Euros de dívidas a fornecedores, no sector da Saúde e noutros departamentos da administração central, mas também nas autarquias locais e Regiões Autónomas.

Em quinto lugar, o Governo decidiu congelar até final do ano, o preço dos passes sociais para a utilização dos transportes públicos. Esta é uma medida que beneficia especialmente as pessoas de menores rendimentos mas que se destina também a favorecer genericamente a utilização dos transportes públicos.

Em sexto lugar, vamos reforçar os apoios ás famílias mais carenciadas e àquelas que mais seriamente sentem as dificuldades desta conjuntura internacional adversa. Embora a margem de manobra orçamental seja reduzida os resultados obtidos permitem hoje esta opção: o Governo decidiu aumentar em 25% o valor do abono de família para o primeiro e para o segundo escalões e que incluem as famílias de menores rendimentos. Trata-se de uma medida que atingirá cerca de 900.000 beneficiários já a partir do segundo semestre deste ano. A nossa opção é clara: com este apoio pretendemos dar mais a quem mais precisa – as famílias de mais baixos rendimentos e com menores a cargo que são aquelas que são mais atingidas com a actual situação.

3. Vencer as dificuldades

Senhor Presidente
Senhoras e senhores Deputados

Ao longo destes três anos, tivemos sempre de enfrentar dificuldades – e a verdade é que fomos capazes de as superar, com bons resultados. É o que faremos, também, desta vez. Com muito trabalho, com dinamismo, com ambição – e sempre com uma especial atenção solidária para aqueles que mais precisam. Mas também com a determinação que é necessária para prosseguir com sucesso o rumo traçado. E, sobretudo, com confiança. Confiança em Portugal e confiança nos portugueses.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Zona Logística de Alcanena


Em Março de 2008 o Gabinete de Planeamento da Divisão de Administração Urbanística da Câmara Municipal de Alcanena, apresenta documento referente à ZONA LOGÍSTICA DE ALCANENA – PORTA NORTE DA REGIÃO DE METROPOLIZAÇÃO DE LISBOA.

Nesse documento é aliás registado que, sobre aquela área os mesmos serviços elaboraram estudo e programa em Fevereiro de 2005.
Importa perguntar porque ficou essa informação parada nos gabinetes? Porque não se avançou com a reclassificação do uso do solo como legalmente está previsto? Porque não se iniciaram os procedimentos necessários recorrendo ao RJIGT- Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial? 3 anos não é tempo suficiente para alguma concretização?
Voltando ao documento agora apresentado importa destacar as seguintes informações que nele constam, considerando que:

- O Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo – PROT-OVT, atribui à localização entre Alcanena e Torres Novas como a Porta Norte da Região de Metropolização de Lisboa. Esta área é identificada com funções logísticas de abastecimento da grande região de Lisboa, com articulação com a região Norte do País e com o corredor Ibérico – Europeu Vilar Formoso-Salamanca/Valladolid.

- É «oportuno» avançar com o desenvolvimento de uma solução territorial para a futura Zona Logística, conforme já tinha sido apresentado no estudo de Fevereiro de 2005.

- De acordo com o RJIGT- Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, existem várias situações para a concretização da plataforma logística:
1-Plano Intermunicipal (Alcanena/Torres Novas)
2-Alteração ao PDM
3-Revisão ao PDM
4-Plano de Pormenor

- É necessário proceder à reclassificação do uso do solo rural para solo urbano.
(É do conhecimento geral que, os trabalhos desenvolvidos no âmbito do PROT-OVT e o facto de serem solos integrados em RAN- Reserva Agrícola Nacional e não em REN- Reserva Ecológica Nacional, tornam actualmente este processo mais célere e exequível.)

- O Plano Intermunicipal de acordo com as orientações do PROT-OVT é a intervenção a privilegiar e também a que tem maior inserção nos modelos de investimentos considerados no Quadro de Referência Estratégico Nacional-QREN.
Este Plano define um modelo de organização de território onde estabelece directrizes para o uso integrado territorial, a definição de redes intermunicipais de infra-estruturas, de equipamentos, de transportes e de serviços, definindo ainda padrões mínimos e objectivos a nível de qualidade ambiental.
(Até à presente data não há conhecimento de nenhuma reunião entre os dois municípios, com vista a esta concretização, apesar desta opção, que é a mais correcta do ponto de vista estratégico, exigir uma articulação do plano regional com ambos os planos municipais.)

- É fundamental definir estratégias de desenvolvimento no que se refere à futura zona logística de Alcanena, sendo o apoio da Comissão de Desenvolvimento Regional CCDR-LVT imprescindível.
(Contacto que estabeleci com a CCDR-LVT no final em Abril permitiu concluir que nenhuma articulação e definição existia ainda com aqueles serviços, não foi requerida revisão ao PDM, mesmo que simplificada, o processo não estava sequer desencadeado o que faz toda a diferença ….
O município não opta pela orientação estratégica nem pelos instrumentos e procedimentos definidos na lei, contra tudo e contra todos, mesmo contra a informação e pareceres dos serviços técnicos da própria autarquia, que considera duas situações como as mais adequadas:
1- Plano de Pormenor, ou
2- Plano de Urbanização

- «Uma terceira opção seria aguardar pela aprovação do PROT-OVT, em fase de conclusão e, pela fundamentação e legitimidade coerente de actuação, avançar para uma alteração por adaptação, que em síntese requereria apenas a correcção das peças desenhadas, bem como a aprovação da Assembleia Municipal.»)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Visita ao Espinheiro dia 31 de Maio


O PS Alcanena irá realizar no próximo dia 31, pelas 15h, uma visita de trabalho à freguesia de Espinheiro.

Análise ao Relatório e Contas 2007 do Município de Alcanena

O Partido Socialista, ao analisar os documentos referentes ao ano 2007 faz as seguintes apreciações:
Salientamos pela negativa o texto introdutório, na medida em que em nosso entender são feitas declarações que em nada dignificam o documento aqui em apreciação.
É uma sequência de queixumes, de desabafos, de procura de desculpabilização.
Faz também este documento na sua parte introdutória reflexões e tira conclusões que nos parecem desadequadas e até desenquadradas:
«A vida dos munícipes está cada vez mais difícil.» ou …« o munícipe está penalizado diariamente com tudo o que são impostos obrigatórios que a Administração Central vai impondo e permitindo»!!
Entendemos que a recorrente justificação apresentada relativamente à falta de apoios é incorrecta por não corresponder à verdade. Todos sabemos que quer as obras mais relevantes concluídas nos últimos anos (poucas) ou as que estão em fase de conclusão ou até para iniciarem são obras comparticipadas ou que aguardam comparticipação.
Para o confirmar basta acompanhar as obras destacadas nos documentos previsionais de 2007 na página 27 e avaliarmos o que foi feito e com que apoios, assim como podemos avaliar também a baixa taxa de execução durante o mesmo ano. São estes fracos resultados e um enorme desvio entre o previsto e o concretizado que também salientamos de forma negativa.
Nem a atribuição de culpas à Lei das Finanças Locais aceitamos. O Município de Alcanena até é um dos Municípios que não teve redução nos valores transferidos do OE. Conforme é dito no próprio documento teve igual valor aos dois anos anteriores (2005 e 2006). Até acontece que de 2007 para 2008 aumentou 232,046€.
Quanto à diminuição do Investimento em 2007, o gráfico da página 9 é bastante elucidativo. Não surpreende que haja pouco investimento em 2007, haverá concerteza em 2009, como houve em 2001 e em 2005 a que os motivos eleitorais não serão de todo indiferentes.
Estando numa fase de transição de Quadros Comunitários, com o fim do QCA3 e o início do QREN, poderia até ser justificável esse argumento.
Contudo, até já a este nível ainda no início do mês de Abril em Abrantes, foram assinados contratos com 31 municípios já no âmbito do QREN para construção de Centros escolares .Mais uma vez Alcanena perdeu uma primeira oportunidade, pelo facto de não ter logo assumido a definição da rede escolar na sua Carta Educativa e de não ter avançado com os respectivos projectos.
Quanto à Dívida a Curto Prazo observamos que aumentou 8,3% relativamente a 2006:
2006 – 3.821.619,24€
2007- 4.139.028,11€
A rotação da dívida também continua a aumentar:
2006- 116 dias
2007 – 137 dias
Em média 5 meses, o que já por si é muito, mas sabemos que há situações de atrasos nos pagamentos com prazos mais elevados.
O município continua com dificuldade em assumir os seus compromissos com os seus fornecedores.
A Dívida a Empreiteiros e Fornecedores de Imobilizados é de 1.676.554,02€, ou seja cerca de 40,5% do valor total da dívida.
A Dívida a Fornecedores de Conta Corrente é de 1.454.535,15€, ou seja 35,1% do valor total da dívida.
É também o próprio documento que confirma «…a dificuldade em que o Município se encontra para regularizar as suas contas».
A Redução das despesas com horas extraordinárias é da ordem dos 17% o que é um dado positivo e uma orientação a reforçar, o mesmo esforço tem sido reflectido também nas ajudas de custo, outra orientação a reforçar e a valorizar de forma positiva.
Quanto à Receita é confirmado que a receita total vem diminuindo desde 2003. Essa diminuição deve-se à evolução no mesmo sentido da receita de capital pois a receita corrente aumenta:
2006 - 7.320.309,12€
2007 – 8.526.703,24€
Constamos também no gráfico da página 12 o aumento das transferências correntes na receita cobrada.
A principal fonte de receita é do FEF - Fundo de Equilíbrio Financeiro que representa quase 70% das Transferências correntes.
À semelhança das transferências correntes, também nas transferências de capital o FEF transferido pelo Estado tem maior valor: FEF 65% e FEDER 35%.
O que existe é uma incapacidade do município para gerar receitas próprias mas que não assume.
Quando justificam logo a seguir a diminuição da Receita com a venda de Bens de Investimento no ano 2007 com a «crise que se faz sentir a nível nacional» é no mínimo incorrecto e irresponsável. Basta aliás constatarmos o que se passa aqui a meia dúzia de quilómetros no município vizinho.
Mais uma vez entram em contradição quando na página 16 referem que, o aumento das Receitas Próprias se deve principalmente ao aumento das receitas provenientes da venda de bens e prestação de serviços correntes e do aumento dos Impostos Indirectos.
Quanto aos Empréstimos é referido que o valor já contratualizado e que foi utilizado em 2007 foi de 121.115,90€. Apesar da evolução do recurso ao crédito ter diminuído, por imposição legal é um facto e em nosso entender bem, é pois uma realidade que todos os valores contratualizados até 2007 e não pagos (quase todos), colocam o futuro do Município em situação difícil na amortização dos valores em dívida.
Como o próprio documento diz na página 17 «Importa aqui analisar também a evolução do peso do recurso ao crédito na dívida a médio longo prazo do Município», que é de 12.500.000€.
Na Distribuição da Despesa por Classificação Orgânica e analisando as várias rubricas constatamos a importância de separar e discriminar essas rubricas para melhor análise e para sobretudo vermos o impacto que cada uma tem na Despesa do Município, com rigor e transparência:
Como exemplo as rubricas com peso na Despesa:
Educação, Cultura, Desporto e Turismo
2006 – 25,58€
2007- 23,35€
O que mais pesa? Educação? Cultura? Desporto? Turismo?
2- Habitação,Obras Urbanização
2006- 24,17€
2007-14,30€
O que mais pesa? Habitação? Obras? Urbanização?
Na distribuição de Despesas por Classificação Económica
Temos quanto às Despesas Correntes
2006- 7.210.320,23€
2007- 8.228.856,35€
Temos quanto às Despesas de Capital
2006- 4.811.879,97€
2007- 2.742.302,63€
A Despesa sofreu um decréscimo de 8,7%, mas à custa da diminuição da despesa de capital porque a despesa corrente aumentou na ordem dos 14,1% em relação a 2006:
- com pessoal;
- com aquisição de bens e serviços correntes;
- com encargos correntes de dívida.;
O que aliás vem a acontecer desde 2004.
As Receitas Correntes de 2007 tiveram um acréscimo de 16,5% relativamente a 2006.
São cumpridas efectivamente as regras de Equilíbrio Financeiro que é ter as despesas correntes inferiores às receitas correntes, mas com uma diferença pouco significativa e a deixar que os aumentos tenham também um peso significativo.
Em 2007:
As Receitas Correntes – 8.526.703,24€
As Despesas Correntes – 8.228.856,35€
Foram investidos 290.000 euros provenientes de receitas correntes.
Se as despesas correntes não aumentassem tanto poderia ser investido mais.
A Autarquia está também a descurar os seus compromissos financeiros com um decréscimo do investimento pago da ordem dos 43%.
As Despesas com o Pessoal continuam a aumentar, independentemente da justificação apresentada. Em 2007 foram pagos € 3.191.943,62, valor superior ao de 2006 em € 76.512,08 (aumento de 2,46%).
Do total de 269 pessoas à data de 31 de Dezembro de 2007, 120 são do Quadro Privativo da Autarquia. Dos restantes:
29 são POC`s subsidiados;
13 são POC`s Carenciados;
21 estão integrados no Programa para a Prevenção de Cheias.
11 são Estágios Profissionais.
Para além dos 70 funcionários que se encontram em Regime de Contrato de
Trabalho a Termo Resolutivo.
Temos assim mais de 140 pessoas em situação de instabilidade profissional e de precariedade laboral correspondendo a mais de 50% dos recursos humanos da Autarquia.
A comprová-lo temos a estrutura humana da Câmara Municipal:Nomeações – 44,6% (120)
Contratados - 26% (70)
Outras situações – 29,4% (79)
Dizem que o número de funcionários e de contratados diminuiu face ao ano anterior tendo em conta o número de funcionários que saíram (19 pessoas por motivo de aposentação, de rescisão ou cessação do vínculo laboral) e os que entraram (18 foram admitidos em regime de contrato de trabalho a termo resolutivo). O que é certo é que de acordo com os dados existentes até aumentou:
2006 - 224
2007 - 269
O valor das Transferências para as Juntas de Freguesia também sofreu um decréscimo face ao ano anterior, originado por um decréscimo quer nas despesas correntes, quer nas despesas de capital.
Relativamente à Transferência de verbas de Investimento para que possam fazer as obras que em conjunto com o município foram programadas: Têm estas transferências o devido enquadramento legal? O que foi assumido com as Juntas já foi realizado e cumprido do ponto de vista financeiro?
Consideramos também que a execução anual das Grandes Opções do Plano foi muito baixa:
Dos 20 Programas apresentados as taxas de execução em 2007 foram as seguintes :
13 Programas – Entre 0% a 5%
5 Programas – Entre 6% e 10%
2 Programas – Entre 11% e 20%
O ano 2007 foi um ano com uma baixa taxa de execução, se é que podemos falar em execução com estas percentagens.
O mesmo se aplica à apreciação ao Plano Plurianual de Investimentos, considerando que para o ano de 2007 foi previsto investimento na ordem dos 5,7 milhões de euros, tendo sido executado cerca de 1,9 milhões de euros, o que dá uma taxa de execução de aproximadamente 33%.
Quando analisamos a distribuição do investimento pelas funções do PPI constatamos que as percentagens são as seguintes:
Funções Sociais- 79,1%
Funções Económicas – 15,2%
Funções Gerais- 5,7%
As Funções Sociais englobam rubricas que vão do saneamento, passando pelo ordenamento do território até ao recreio e lazer o que desvirtua o peso que parece atribuir à área de intervenção social propriamente dita.
De salientar que sendo a função com mais peso na distribuição do investimento é também a que tem mais baixa taxa de execução (46,6%).
No âmbito das Funções Económicas, é referido ter sido o programa relativo aos Transportes Rodoviários onde mais se investiu, cerca de 8,4% do Investimento Total, seguido do Programa relativo à Indústria e Energia, com 5,7% do investimento realizado em 2007.
No programa Transportes Rodoviários, são destacadas acções cuja concretização não é visível. No Programa Indústria e Energia o Investimento foi realizado nos Projectos das Zonas Industriais, sendo € 63.942,00 referente à Zona Industrial de Alcanena e € 41.737,13 referente à Zona Industrial Minde (Terrenos e Infra-estruturas). No que respeita à Zona Industrial de Alcanena é caso para dizer que também não há reflexos desse investimento.
No total o PPI tem uma taxa de execução de 34,2%.
Na apreciação feita às Actividades mais Relevantes que são destacadas, é importante salientar algumas áreas que têm tido uma forte comparticipação da Administração Central, é o caso da Comparticipação em material informático para as Juntas de Freguesia, no âmbito do Programa de Apoio à Modernização Administrativa e também o caso das transferências para Refeições Escolares e para as Actividades de Enriquecimento Curricular, através do Ministério da Educação.
São estas as principais considerações que o Partido Socialista tem a fazer ao Relatório e Contas 2007, indiciando pelas críticas e observações assumidas, uma posição desfavorável relativamente ao mesmo.