quinta-feira, 25 de novembro de 2010

JS-Ribatejo promoveu debate sobre o Centenário da República em Alcanena

No passado Domingo, dia 21, no Auditório Municipal de Alcanena a Federação Distrital da JS (JS/Ribatejo) promoveu um debate sobre a República com o deputado António Gameiro e o historiador José Raimundo Noras. Na abertura da sessão usaram da palavra Hugo Costa, presidente da JS/RIbatejo, Luís Henriques coordenador da JS/Alcanena e Hugo Santarém, membro da concelhia do PS/Alcanena e vereador da Câmara Municipal de Alcanena.

Raimundo Noras iniciou a sessão com alocação centrada no impacto das ideias republicanas no distrito de Santarém, detendo-se na acção de líderes republicados ligados à lavoura como José Relvas ou Anselmo da Costa Xavier. O investigador também ressalvou o exemplo de resitência republicana do concelho de Alcanena e ligações das suas gentes. Durante a sua intervenção, Raimundo Noras deixou no ar a questão "porquê comemorar a I República?". Sustentando, que a participação democrática e, sobretudo, a ideia de escola pública foram legados dos republicanos. Por fim, defendeu que a comemoração da República não deve nunca esconder ou branquear a História, sendo objectivo na análise do que falhou no primeiro regime republicano.

Por sua vez, e após uma breve e objectiva análise histórica, António Gameiro centrou a sua intervenção na construção dos valores republicanos e na aproximação dos mesmos ao socialismo democrático. Desta forma, "Liberdade", "Igualdade", "Fraternidade" e "Cidadania" serão os principais valores herdados da I República. Esses valores materializam no primado da Lei, na separação de poderes, na legitimação do poder pelo voto popular e na igualdade dos cidadãos perante a Lei. De facto, os valores republicanos estão integrados na matriz do socialismo democrático, até porque a I República trouxe, ainda que de forma imberbe, um vislumbre de políticas sociais (como a regulamentação do trabalho ou a lei da reforma).

No período de debate, tanto Raimundo Noras como António Gameiro, concordaram em estarmos a viver a II República, já que devido à sua natureza anti-democrática o "Estado Novo" (ainda mantendo a organização republicana do Estado), não deve, pela carga ideológica do termo, ser considerado uma República. Os oradores perante as questões do público também se referiram à situação crítica que Portugal atravessa. Neste seguimento, foi sugerido que os partidos políticos, devem adoptar outras estratégias de contacto com os cidadãos, a fim de promover a intervenção cívica. Nesta óptica, ambos os conferencistas consideram que o PS é claramente o partido com maiores obrigações e que apresenta melhores condições para promover a participação pública. Uma outra questão abordada foi a falta de proximidade entre a UE e os cidadãos portugueses, considerando-se que é necessário consultar mais os cidadãos portugueses sobre a participação europeia, bem como criarem-se mecanismos para tornar mais próximas as relações entre os cidadãos e as instituições da UE.

Por fim, a presidente da Câmara Municipal de Alcanena, Fernanda Asseiceira, ainda participou nos trabalhos encerrando a sessão.
 
JS/ Santarém
José R. Noras,
Mafalda Ferreira Santos