Fonte: O Mirante, Edição de 2012-05-24
Presidente da Câmara de Alcanena acusa antecessor de assinar cheques indevidamente
Em causa estão vários cheques da Austra assinados por Luís Azevedo em Janeiro de 2010, altura em que Fernanda Asseiceira já tinha sido eleita presidente da autarquia e era a representante da câmara nessa entidade.
A presidente da Câmara Municipal de Alcanena, Fernanda Asseiceira (PS), está indignada por ter encontrado, enquanto membro do conselho de administração da Austra - Associação dos Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena, vários cheques, de montantes elevados, assinados em Janeiro de 2010, já neste mandato autárquico, pelo seu antecessor no cargo, o independente Luís Azevedo. O ex-autarca assegura a O MIRANTE que agiu de boa-fé e vai participar em breve numa reunião na Austra onde tudo ficará esclarecido.
Segundo Fernanda Asseiceira, os cheques foram assinados numa data em que já tinha sido eleita para o cargo e, por isso, já ocupava por inerência o lugar de Azevedo no conselho de administração da associação. “Quando estávamos a analisar os relatórios de contas fui surpreendida com um conjunto de cópias de cheques, de um elevado montante, da Austra e à ordem da Austra, assinados a 1 de Janeiro de 2010 por administradores, em que um dos quais era o ex-presidente Luís Azevedo, que já não era administrador, pois já era eu”, explicou a O MIRANTE.
A presidente da autarquia, que tomou posse a 1 de Novembro de 2009, diz que estão a ser apuradas mais informações, tendo sido deliberado pela executivo camarário pedir à Austra mais esclarecimentos sobre uma situação que considera de grande gravidade. “Só tive conhecimento desta situação na semana passada, por um elemento do conselho de administração. Quero perceber por que é que o antigo presidente assinou cheques como administrador da Austra numa altura em que já não o era”, disse, acrescentando que já foi pedida à entidade bancária informações sobre o endosso do dinheiro.
Azevedo acusa autarca de “falta de ética”
Contactado por O MIRANTE, Luís Azevedo já sabia o que se tinha passado na reunião e não se quis alongar em comentários mas estava visivelmente irritado com a questão agora tornada pública. “Esta situação envolve problemas complexos. Preciso de falar com a administração da Austra primeiro mas considero que o modo como “a cavalheira” o disse, displicentemente, revela uma enorme falta de ética”, disse.
Luís Azevedo explicou, no entanto, que de facto assinou cheques no final de 2009 a pedido de um dos administradores da Austra uma vez que pretendiam fazer movimentações de dinheiro de uma conta do BCP para outra da mesma associação e era necessária a sua assinatura para concretizar essa operação. “Na altura, vi que a minha assinatura era necessária para resolver o problema e anui”, explicou.
Mesmo tendo a consciência de que já não era membro do conselho de administração quando assinou os cheques, Luís Azevedo diz que “faltavam acertar algumas coisas” e alguém se esqueceu de mudar o seu nome daquela conta, mantendo-se a sua assinatura no banco. “Agi de boa fé”, assegura.
O antigo autarca refere que, quando esclarecer o que se passou e chegar o momento de falar, pondera em dirigir-se a uma sessão pública e dizer cara a cara à presidente da autarquia, de forma veemente, o que pensa sobre a sua actuação neste caso.